Quer Pipoca?: Documentários do Oscar 2014 e Porque 'A um Passo do Estrelato' Não Devia Ter Levado

2 de maio de 2014

Documentários do Oscar 2014 e Porque 'A um Passo do Estrelato' Não Devia Ter Levado

(The Square) Egito, Estados Unidos, 2013, 
(The Act of Killing) Dinamarca, Noruega, Reino Unido, 2012, 
(20 Feet from Stardom) Estados Unidos, 2013.«



Na última premiação do Oscar resolví fazer algo diferente: assistir aos documentários de longa-metragem indicados. Consegui ver três deles. The Square (2013), disponível no Netflix, The Act of Killing (2012) e A Um Passo do Estrelato (Twenty Feet from Stardom, 2013).

O fato do Oscar ser, também, um posicionamento político não é o assunto deste texto, mas a relevância de dois excelentes filmes, na minha opinião The Act of Killing levaria fácil este ano, para o momento histórico em que vivemos, e como isso foi deixado de lado, ao premiar o belo documentário A Um Passo do Estrelato, mas sem qualquer impacto social como os dois outros. 

The Square acompanha 6 diferentes protestantes durante a Revolução Egípcia, que levou milhares a ocupar a praça Tahrir (local que batiza o filme), que questionou regimes, causou a queda de líderes e mostrou o poder do movimento popular em reformas políticas. Gol de placa. Em inúmeros momentos todas as imagens nos fazem lembrar do que aconteceu aqui mesmo, no nosso quintal, do que vimos ser possível e de como a rua é o um forte fórum de debate e expressão.


The Act of Killing parte de uma premissa curiosa: os produtores buscaram antigos soldados do 'Esquadrão da Morte' da Indonésia na década de 60, responsáveis pelo genocídio de comunistas, seus aliados ou quaisquer pessoas relacionadas ao regime, para falar sobre essas mortes, mas os convidaram a reencenar essas mortes, utilizando qualquer meio que quisessem. O resultado é tão perturbador quanto fascinante, mostrando e revelando detalhes sobre como matavam, onde, quem eram essas vítimas e, até certo ponto no filme, o absoluto desapego àquelas vidas. Quando ficavam prontos, os filmes eram assistidos pelos antigos perpetradores nas salas de casa. Em uma cena, um deles chega a por os netos no colo e fazer questão que assistam à encenação de 'como o vovô matava gente'. Só mesmo vendo.


A Um Passo do Estrelato mostra a não tão glamurosa vida dos backing vocals (cantores que acompanham artistas no palco) das maiores estrelas da música mundial. Vidas duras e a batalha cotidiana de cuidar da família, das casas, conseguir dinheiro e lutar pela chance de, finalmente, acontecer na indústria da música, são alguns dos conflitos desses artistas. O filme traz também depoimentos de cantores como Bruce Springsteen, Sheryl Crow e Mick Jagger. Mas é isso.



De um lado o movimento popular intenso, ecoando até hoje no Egito, contra ditaduras e regimes anti-democráticos. Ex-matadores a serviço do governo da Indonésia e, acreditem, personagens fascinantes e, ao mesmo tempo, exemplos do que de pior podemos ser. De outro, um arrastado tema lindamente filmado, porém desinteressante como só ele, que nos prende a atenção quando deve, mas que sai da nossa memória assim que o filme termina. Dá para entender o porque a Academia ter se virado para este último e, consequentemente, o debate e projeção de temas abordados pelos dois primeiros perde tração. Logo, querido leitor, meu apelo, comece agora uma #CorrenteDoQuerPipoca: assista esses filmes, conte para mais três pessoas, que contam para mais três. 

Assista pelo tema. Assista pela qualidade. Assista por você. Mas assista a estes filmes. : )

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